domingo, 23 de agosto de 2015

Análise dos 20 times da Série A - 1º turno e projeção para a sequência

Apesar dos problemas já conhecidos (15 técnicos demitidos em 19 rodadas) e arbitragem horrível (para todos), ótimo primeiro turno. Emoção, equilíbrio, média de público crescendo e evolução tática nítida se compararmos às últimas edições. Sistema mais utilizado pelas equipes continua sendo o 4-2-3-1: 11 equipes o tem como base.
Em ordem decrescente, analisaremos brevemente os 20 times que proporcionaram 421 gols em 190 jogos (2,21/jogo) no primeiro turno.

Corinthians

Time essencialmente reativo. Marcação compacta e saída em velocidade pelos lados. Muita intensidade. Como mandante, adota pressão mais alta. Fora de casa, bloco mais baixo e linhas de passe adversárias bem fechadas. 4-1-4-1 é o esquema utilizado. Melhor defesa (14 gols sofridos) e 4º melhor ataque (27 gols pró). Candidato ao título.
Time-base do Corinthians, no 4-1-4-1.

Atlético-MG

Para muitos o time mais bonito de se ver jogar no campeonato. Futebol ofensivo, que proporciona o melhor ataque da competição (33 gols pró). 5ª melhor defesa ao lado de Fluminense e Palmeiras (18 gols sofridos cada). Utilizou o 4-1-4-1 por um tempo, mas 4-2-3-1 predominou. Saída lavolpiana com Rafael Carioca (jogador com mais passes certos no campeonato, 1038) e busca pelo ataque a todo momento. Mostrou dificuldade em infiltrar e marcar gols contra times com defesas compactas em alguns jogos. Candidato ao título.
Time-base do Galo, no 4-2-3-1.

Grêmio

Time mais moderno do Brasil. Intensidade absurda e jogo variado. Propõe ou reage com naturalidade. Utiliza saída lavolpiana (os dois volantes titulares podem fazer), transições rápidas e compactação a bloco médio/alto. Futebol coletivo e extremamente moderno desde a chegada de Roger Machado (olho nele!). 4-2-3-1 é o esquema. Candidato ao título.
A base do time mais moderno do país, no 4-2-3-1.

Fluminense

Não faliu após a saída da patrocinadora. Longe disso. O Tricolor manteve a base do time de 2014, mas já mudou o comando técnico duas vezes em 2015. Jogo baseado em transições velozes. Jogadores de qualidade técnica na frente, mas que não participam da fase defensiva. O "time de guerreiros" do início do campeonato não existe mais. Time perde intensidade e compactação e ganha qualidade técnica. Saldo negativo, a meu ver. Coletividade em primeiro lugar sempre. 4-2-3-1 é o esquema adotado por Enderson Moreira. Briga pelo G4.
Possível base do Flu, no 4-2-3-1.

Palmeiras

Novo time, novo estádio e nova realidade. Clube enfim demonstra uma reação para voltar a ser grande. 24 reforços, melhor média de público (34.275/jogo) e ótimo elenco. Outro time com Marcelo Oliveira até aqui. Reativo e muito intenso. Pressão alta à saída adversária e transições rápidas. 4-2-3-1 é o esquema utilizado. Perde muito sem Gabriel, que era o primeiro armador da equipe: o meio-campista moderno, que joga e marca. Desarma e faz jogo fluir com qualidade. Candidato ao título, mas pode dividir o foco com a Copa do Brasil.
Time-base do Palmeiras, no 4-2-3-1.

São Paulo

Extremamente ofensivo e moderno. Linhas altas e pressão a todo momento. Time que mais troca passes (e que melhor troca também). Rodízio de jogadores e pressão alta. Sofre com a dificuldade em controlar a posse de bola, o que gera contragolpes aos adversários. Perde jogadores a todo momento, o que atrapalha muito. 3-4-3 é o esquema predominante, mas 4-2-3-1 também pode ser utilizado com frequência. Briga pelo G4.
Hipotético time-base do São Paulo, no 3-4-3.

Sport

Surpresa do campeonato. Resultado da ótima gestão, que manteve o comando técnico e contratou jogadores de qualidade. Futebol limpo (equipe que menos comete faltas), coletivo e equilibrado. Compactação impressionante, propõe e contra-ataca bem, equipe é muito homogênea. 3º melhor ataque (31 gols pró) e equipe que menos perdeu no primeiro turno (2 derrotas, para líder e vice-líder) em 19 jogos. 7 vitórias, 10 empates e 2 derrotas até aqui. 4-2-3-1 é o esquema utilizado pelo ótimo e promissor Eduardo Baptista. Briga pelo G4.
Time-base do Sport. No 4-2-3-1.

Atlético-PR

Comandado por Milton Mendes, único técnico com curso da UEFA na Série A. Jogo essencialmente transicional. Time que recompõe rapidamente e contra-ataca com a mesma eficiência e rapidez. Viveu crise no início do ano e já trocou comando duas vezes (Claudinei Oliveira e Enderson Moreira passaram por lá em 2015.) 4-2-3-1 é o esquema. Meia central mais recuado, próximo aos volantes. Ajuda na hora de retomar posse e ligar contragolpe. Briga pelo G4.
Base do 4-2-3-1 do Furacão.

Chapecoense

Clube novo, pela segunda vez na Série A em sua história. Aparentemente gestão competente. Um dos 5 clubes da elite que não trocou comando técnico no ano. 4-1-4-1 com variação para o 4-2-3-1. Reativo e muito forte em casa. Velocidade pelos lados e linhas bem compactas. Poucos encaixes individuais, marcação predominantemente zonal. Deve seguir no meio da tabela.
Base do 4-1-4-1 da Chape.

Ponte Preta

Começou muito bem, e caiu, naturalmente. Trocou comando técnico e agora se reconstrói. Time de Doriva é semelhante ao de Guto: reativo, com linhas adiantadas e pressão forte. Saída limpa com Fernando Bob entre os zagueiros. Usa o 4-2-3-1. Deve seguir no meio da tabela.
4-2-3-1 da Macaca é baseado nesta equipe.

Internacional

Semifinalista da Libertadores e extremamente criticado após queda na competição. Trabalho de Aguirre era ótimo e foi interrompido. Argel, com estilo de jogo diferente, chegou. Reatividade, força física e muito uso das ligações diretas e cruzamentos, além dos encaixes de marcação. Rodízio acabou. Esquemas mais utilizados devem ser 4-3-1-2 e 4-2-3-1. Tem elenco para brigar por G4, mas realidade deve ser o meio de tabela.
Uma possível base do Inter de Argel, no 4-3-1-2.

Santos

Propositivo, mas mortal no contra-ataque: o Santos é outro desde a chegada de Dorival Jr! Mais agressivo, organizado e moderno. Jogo dinâmico e que muito passa pelo ótimo Lucas Lima, que organiza, marca, passa com qualidade e chega à frente para concluir e/ou dar o passe final. Vem jogando com 6 jogadores das categorias de base do clube entre os titulares. 4-2-3-1 é o esquema tático. Pode surpreender e brigar pelo G4.
Base do 4-2-3-1 do Peixe de Dorival Jr.

Flamengo

Outro que já está em seu 3º técnico no ano. A gestão tão elogiada pela modernidade no que diz respeito ao lado financeiro, ao abatimento das dívidas, pelo visto não entende muito de futebol. Trabalho do treinador não funciona sem tempo. Difícil projetar algo, visto que Oswaldo de Oliveira recém chegou. Seus times costumam construir jogo atrás e utilizar de conceitos modernos, como saída lavolpiana e aproximação das linhas sem bola. 2ª pior defesa da competição ao lado do Avaí (28 gols sofridos). Sofre com a bola aérea ofensiva e precisa melhorar desempenho como mandante. Time de Cristóvão não obtinha resultados e atuações satisfatórias no Maracanã, graças à pouca movimentação e poder de infiltração. Pontos para Oswaldo observar. Deve seguir no meio da tabela.
Possível base do 4-2-3-1 com Oswaldo.

Cruzeiro

Atual bicampeão brasileiro, demitiu Marcelo Oliveira após queda na Libertadores e trouxe Luxemburgo, treinador que não faz grande trabalho há um bom tempo. Método de trabalho obsoleto e desempenho fraco na criação. Defesa sólida e proteção bem feita. 4-3-3/4-1-4-1 é o esquema-base. Luta contra o rebaixamento, a princípio.
Time-base do Cruzeiro, no 4-3-3.

Figueirense

Dava sequência no trabalho de Argel até o mesmo receber convite do Internacional e deixar o clube (era o 3º técnico mais longevo da Série A, atrás de E. Baptista e Levir Culpi). Utilizava de transições rápidas e ligações diretas com Argel. Agora, com René Simões, estilo deve ser semelhante. Compactação e velocidade para sair pelos lados, especialmente com Clayton. Time que mais acerta desarmes no campeonato, que menos acerta passes e que menos finaliza. 4-3-1-2 deve ser mantido. Luta contra o rebaixamento.
Base do 4-3-1-2 que René pode usar.

Goiás

Compacto sem a posse, muitos encaixes individuais. Contra-ataca em velocidade (especialmente com Erik) e marca em duas linhas. Felipe Menezes joga solto, livre para articular jogadas. Dita o ritmo do time. 4-3-1-2, com variações para o 4-2-3-1. Luta contra o rebaixamento.
Time-base do Goiás. No 4-3-1-2/4-2-3-1.

Avaí

Mantém o comando técnico e trabalha. A realidade do elenco é essa. Trabalho de Gilson Kleina é bom, buscando fazer o time marcar compacto e com superioridade numérica no lado da bola. Sai em velocidade, usando muito Nino Paraíba pela direita. Marquinhos, mais experiente do grupo, pouco joga. Faz falta, tem qualidade e representatividade. Esquema predominante é o 4-3-1-2. Luta contra o rebaixamento.
Time-base do Avaí. No 4-3-1-2.

Coritiba

Depois de dois anos sendo salvo por Alex, desta vez a tarefa é ainda mais difícil para o Coxa. Com Ney Franco, esquema é mantido em praticamente todos os jogos: 4-2-3-1. Jogando no Couto Pereira, propõe o jogo. Fora de casa, é reativo. São apenas 5 pontos em 30 disputados longe do Alto da Glória. 2º pior ataque da competição ao lado do Joinville, com apenas 13 gols marcados. Precisa de aproveitamento superior a 40% no segundo turno. Luta contra o rebaixamento.
Time-base do Coxa, no 4-2-3-1.

 

Joinville

Outro time desde a chegada de PC Gusmão, 3º técnico da equipe no ano. Mais organizado e coletivo. Reativo e marcação a bloco médio/baixo. Velocidade pelos flancos. Apenas 13 gols marcados. Precisa de aproveitamento de aproximadamente 45% no 2º turno para permanecer na elite. 4-1-4-1 é o esquema. Luta contra o rebaixamento.
Base do JEC para a sequência na luta contra o Z4. No 4-1-4-1.

Vasco

Refém das últimas gestões, o Vasco vive realidade dura. Dificilmente escapará de seu 3º rebaixamento. Precisa de aproveitamento de aproximadamente 50%. Já está em seu 3º treinador do ano. O respeito passa longe de São Januário... Time mal organizado, jogadores de idade avançada sem intensidade para 90 minutos e outros de qualidade duvidosa. Reativo e extremamente dependente dos brilhos individuais, especialmente de Nenê. Pior ataque (8 gols pró), pior defesa (34 gols sofridos) e time que mais leva cartões na competição. 4-2-3-1 é o esquema tático. Luta arduamente contra o rebaixamento.
Base do 4-2-3-1 de Jorginho para conduzir o Vasco na luta contra o 3° rebaixamento.

Emocionante, bom técnica e taticamente e com estádios mais cheios que nos últimos anos. Este é o Brasileirão 2015 até então. Criticamos, mas assistimos. Reclamamos dos altos preços em muitos estádios, mas comparecemos. Treinadores com ideias modernas vão tendo cada vez mais espaço, o que é excelente. O nível só aumenta. Que siga assim e que o 2º turno seja ainda melhor!

Estatísticas de Footstats*

Um comentário:

  1. Belo texto cara. Se tiver afim de uma sessão ou algo do tipo, gostaríamos muito de alguém com esse conhecimento tático na equipe. Se não, sigo acompanhando. Abraço! Email contato@blog433.com.br

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